COTAS DE GÊNERO, FRAUDES E REPRESENTAÇÃO FEMININA: OS DESAFIOS DO MODELO BRASILEIRO E OS CAMINHOS PARA SEU APERFEIÇOAMENTO

Autores

  • Amanda Costa Thomé Travincas PUCRS
  • Carlos Lula PUC/RS

DOI:

https://doi.org/10.53616/suffragium.v14i25.196

Palavras-chave:

Cotas de gênero, Fraude eleitoral, Representação feminina, Paridade política, Reforma eleitoral

Resumo

Este artigo examina a eficácia das cotas de gênero no Brasil, identificando distorções como fraudes em candidaturas femininas (“laranjas”) e seus impactos na representatividade política. O estudo foi conduzido com análise documental e jurisprudencial comparada, examinando decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e legislação eleitoral brasileira no período de 1988 a 2024; selecionaram-se casos emblemáticos de candidaturas fictícias para comparar padrões estruturais de implementação e penalização. Utilizou-se recorte jurídico-científico, com análise qualitativa interpretativa e comparação de modelos institucionais de sistemas político‑eleitorais internacionais, especialmente o México. Os resultados revelam que, apesar da exigência legislativa de 30% de candidaturas femininas, a representatividade feminina no Parlamento permaneceu baixa, agravada por cassações integradas que afetaram candidatas legítimas, gerando efeitos paradoxais. Em contraste, país como México, por meio de listas fechadas e cadeiras reservadas, atingiu quase 50% de representação feminina. Conclui- se que o Brasil deve avançar para cotas com garantia de resultado, fortalecendo a eficácia institucional, prevenindo fraudes e alinhando-se às melhores práticas internacionais dentro dos princípios constitucionais da igualdade política.

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Biografia do Autor

Amanda Costa Thomé Travincas, PUCRS

Pós-doutorado (2018), Doutorado (2016) e Mestrado (2010) em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Graduada em Direito pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA (2008). Vencedora do Prêmio Capes de Tese 2017 pela melhor Tese de Direito defendida no ano de 2016 - "A tutela jurídica da liberdade acadêmica no Brasil: a liberdade de ensinar e seus limites", e vencedora do Grande Prêmio Capes de Tese 2017 da grande área de Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes e Ciências Sociais Aplicadas e Multidisciplinar, Prêmio "Aurélio Buarque de Holanda". Autora de "A tutela jurídica da liberdade acadêmica no Brasil" (Livraria do Advogado, 2018). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Direitos Fundamentais (GEDF), constante no Diretório de Grupos CNPq. Áreas de atuação no ensino: Teoria da Constituição, Organização do Estado e dos Poderes, Dogmática dos direitos fundamentais e Processo Constitucional. Área de pesquisa acadêmica: Direitos Fundamentais. Temas de pesquisa: "liberdade acadêmica", "liberdade de cátedra", "liberdade de ensinar", "liberdade de aprender", "autonomia universitária" e "direito à educação". Juíza de Direito (TJMA), atuando como Juíza Auxiliar no STF. E-mail: acttravincas@tjma.jus.br / amanda.thome@stf.jus.br.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9488722215544403

Carlos Lula, PUC/RS

Deputado Estadual, Advogado, Ex-Secretário de Estado da Saúde do Estado do Maranhão (2016-2022), Ex-Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2020-2022), Membro da Academia Maranhense de Letras Jurídicas e da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político. Autor de livros de Direito Eleitoral, Constitucional e Saúde Pública. Mestre em gestão de saúde pública, Mestre em Direito Constitucional e Doutorando em Direito Interinstitucional (PUC/RS).

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/0382870707333579

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Publicado

23.10.2025

Como Citar

Travincas, A. C. T., & Lula, C. E. de O. (2025). COTAS DE GÊNERO, FRAUDES E REPRESENTAÇÃO FEMININA: OS DESAFIOS DO MODELO BRASILEIRO E OS CAMINHOS PARA SEU APERFEIÇOAMENTO. Suffragium - Revista Do Tribunal Regional Eleitoral Do Ceará, 14(25), 26–41. https://doi.org/10.53616/suffragium.v14i25.196

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