COLONIALIDADE JURÍDICA E VIOLÊNCIA DE GÊNERO NA POLÍTICA BRASILEIRA

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.53616/suffragium.v14i25.201

Palabras clave:

Colonialidade de Gênero, Violência de Gênero na Política, Legislações Brasileiras

Resumen

A estrutura atual da sociedade brasileira é o reflexo de um padrão de poder colonial que instituiu um heterocispatriarcado racista, onde prevalece a dominação do homem branco sobre mulheres, em toda a sua pluralidade. Esse padrão de poder, denominado colonialidade de gênero, perpetua a subalternidade das mulheres sob uma vertente interseccional, inclusive na esfera política. Neste espaço, a colonialidade de gênero se manifesta em diversas formas de violência política contra mulheres, tais como: assédio, constrangimento, humilhação, perseguição e ameaças, com o objetivo de desqualificá-las e desencorajá-las em sua atuação disruptiva. Tal situação restringe a participação plena e igualitária das mulheres nos espaços de poder, minando um dos princípios fundamentais do regime democrático: a representatividade. Além disso, ao criar um ambiente hostil, desestimula a presença feminina na política e perpetua uma estrutura excludente e desigual, comprometendo a legitimidade do sistema democrático. Por meio de uma metodologia jurídico-teórica, baseada na análise de dados qualitativos e quantitativos, revisão da literatura científica e das legislações, pretende-se demonstrar que, embora as leis de combate à violência política de gênero sejam importantes marcos jurídicos para o enfrentamento dessa problemática, elas ainda mantêm a divisão sexual-racial do trabalho instaurada na colonização. Logo, há necessidade de compreender as lacunas jurídicas geradas pela colonialidade para garantir a efetividade no combate à violência política de gênero no Brasil e garantir o pleno exercício da democracia nos espaços políticos.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Júlia Cristina Magalhaes, Universidade Federal de Ouro Preto

Abogado y licenciado en Derecho por la Universidad Federal de Ouro Preto (UFOP). Trabajó como colaboradora en el proyecto de Extensión Defensoría de la Mujer del Departamento Jurídico de la UFOP, contribuyendo a la promoción de derechos y apoyo a mujeres en situación de vulnerabilidad. Actualmente es asesora de la Fiscalía Municipal de Ouro Preto, donde desempeña importantes funciones jurídicas para la ciudad. Además, desempeña un papel de liderazgo como Coordinadora Estatal de Politize en Minas Gerais y Líder de Politize en Ouro Preto, trabajando para promover la educación política y la ciudadanía.

Flavia Souza Máximo Pereira, Universidade Federal de Ouro Preto

Doctorado en Derecho del Trabajo conjunto entre la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG) y la Università degli Studi di Roma Tor Vergata. Profesor Adjunto de Derecho Procesal del Trabajo y Derecho de la Seguridad Social de la Universidad Federal de Ouro Preto (UFOP). Licenciado en Derecho por la Universidad Federal de Minas Gerais. Coordinador del Grupo de Investigación Ressaber - Grupo de Estudio sobre Conocimientos Decoloniales de la UFOP. Miembro de la Red Internacional de Investigación sobre la democratización del trabajo. Investigador del Grupo Trabajo y Resistencia de la UFMG. Desarrolla investigaciones en Derecho Laboral, especialmente en descolonialidad, feminismo, derecho de huelga y violencia de género interseccional.

Citas

ANTRA. Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2022. Brasília: ANTRA, 2023. Disponível em: https://antrabrasil.org/relatorios/. Acesso em: 23 jun. 2023.

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, p. 89–117, 2017. DOI: 10.1590/S0103-33522013000100005.

BIROLI, Flávia. Democracia e tolerância: o discurso da diversidade e as fronteiras da política. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, v. 6, n. 12, p. 7–36, jul./dez. 2011. DOI: 10.1590/S0103-33522011000200001.

BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2016.

BIROLI, Flávia. O público e o privado. In: MIGUEL, Luís Felipe; BIROLI, Flávia (org.). Teoria política feminista: textos centrais. São Paulo: Editora Unesp, 2018. p. 87–116.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 jul. 2023.

BRASIL. Lei nº 12.034, de 29 de setembro de 2009. Altera as Leis nº 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral, nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, e nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12034.htm. Acesso em: 14 jun. 2023.

BRASIL. Lei nº 14.192, de 4 de agosto de 2021. Estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher; e altera a Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), a Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, e a Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14192.htm. Acesso em: 20 jun. 2023.

BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/L11340.htm. Acesso em: 22 jun. 2023.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

COSTA, Patrícia Tavares da. A colonialidade de gênero: articulação teórica e política entre gênero, raça e colonialidade. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 2, e60663, 2020. DOI: 10.1590/1806-9584-2020v28n260663.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171–188, 2002. DOI: 10.1590/S0104-026X2002000100011.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

LUGONES, María. Colonialidade e gênero. Tabula Rasa, Bogotá, n. 21, p. 73–102, jan./jun. 2014.

MARIANO, Ricardo; BITTENCOURT, Luís Fernando. A mulher e a política no Brasil: uma análise a partir da teoria do reconhecimento. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, v. 36, n. 108, 2017. DOI: 10.1590/0034-7329201700103.

MIGUEL, Luís Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014.

ONU MULHERES. Violência política contra mulheres: panorama global e estratégias de enfrentamento. Nova York: ONU Mulheres, 2022. Disponível em: https://www.unwomen.org. Acesso em: 25 jun. 2023.

PEREIRA, Flávia Souza Máximo. Direito e colonialidade: por uma perspectiva feminista descolonial do direito. Belo Horizonte: Arraes, 2020.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 107–130.

SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.

SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71–99, jul./dez. 1995.

SEGATO, Rita Laura. La guerra contra las mujeres. Madrid: Traficantes de Sueños, 2016.

Publicado

2025-10-23

Cómo citar

Magalhaes, J. C., & Pereira, F. S. . M. (2025). COLONIALIDADE JURÍDICA E VIOLÊNCIA DE GÊNERO NA POLÍTICA BRASILEIRA. Suffragium - Revista Do Tribunal Regional Eleitoral Do Ceará, 14(25), 42–56. https://doi.org/10.53616/suffragium.v14i25.201

Artículos similares

<< < 1 2 3 4 > >> 

También puede {advancedSearchLink} para este artículo.