RACISMO E ALGORITMOS NAS ELEIÇÕES DE 2024:

O DESAFIO DOS CANDIDATOS PRETOS E PARDOS NAS REDES SOCIAIS

Autores

  • Isadora Sant’Ana de Oliveira Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG); Università di Bologna; Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE)
  • Luciana Helena da Silva Brito Instituto Federal do Maranhão (IFMA); Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE)
  • Sabrina de Paula Braga Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG); Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP); Escola Judiciária Eleitoral de Minas Gerais (EJE-MG)

DOI:

https://doi.org/10.53616/suffragium.v14i24.215

Palavras-chave:

Redes Sociais, Política, Racismo Algorítmico, Eleições

Resumo

O texto aqui apresentado realiza uma abordagem sobre os riscos do racismo algorítmico para o ambiente político, com consequentes impactos sobre as candidaturas de pessoas pretas e pardas nas eleições municipais brasileiras de 2024. O advento dos algoritmos tem levado os usuários das redes sociais e mídias digitais a considerarem como "verdades incontestes" as entregas feitas nestes espaços, mesmo que se mostrem enviesadas. Em meio a isso, práticas de racismo têm se manifestado de maneira ascendente, como apontam os dados da Safernet, que apresenta um crescimento, no ano de 2023, das denúncias sobre atos racistas cometidos nas redes sociais no Brasil. Diante desse cenário, delimita-se a seguinte pergunta de pesquisa: como a dinâmica das redes sociais e da mídia digital, mediada por algoritmos, pode criar um contexto de sub-representação e desafios para os grupos marginalizados na participação política? O objetivo do presente estudo é acompanhar as campanhas eleitorais de pessoas candidatas à prefeitura das cidades de São Luís - MA, Belo Horizonte - MG e Fortaleza - CE através da plataforma Instagram e explorar possíveis motivações para as possíveis discrepâncias identificadas entre as candidaturas de pessoas brancas e negras. A metodologia foi dividida em três etapas: uma pesquisa na plataforma, uma análise exploratória de dados e uma entrevista narrativa com um ator político atuante nas redes sociais. Os resultados demonstram a compreensão sobre como a dinâmica das redes sociais e da mídia digital, mediada por algoritmos, pode criar um contexto de sub-representação e de desafios para os grupos marginalizados na participação política.

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Biografia do Autor

Isadora Sant’Ana de Oliveira, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG); Università di Bologna; Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE)

Possui graduação em Scienze e Tecniche Psicologiche - Università di Bologna (2023). Atualmente é pessoa pesquisadora do Tribunal Regional do Ceará, estagiária de docência em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, mestranda da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: raça, processo de subjetivação, negritude, resistência e afrofuturismo. 

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2782549131151683

Luciana Helena da Silva Brito, Instituto Federal do Maranhão (IFMA); Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE)

Graduada em Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco, com ampla experiência no ensino nos níveis Fundamental, Médio e Superior. É especialista em Inovação na Educação pela Universidade Steinbeis SIBE, Mestre em Geografia Urbana e Doutora em Geografia Regional pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Na trajetória profissional atuou como professora técnico-educacional de Geografia na Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, onde contribuiu significativamente para a Coordenação dos Programas Alfabetizar com Sucesso e Ensino Médio Integrador. Desde 2017, ocupa o cargo de Professora de Geografia no IFMA Campus Barra do Corda, onde também exerceu as funções de Chefe do Departamento de Ensino e Diretora de Desenvolvimento Educacional. Ao longo da jornada acadêmica, desenvolveu pesquisas nas áreas de Urbanização, Consumismo e Sustentabilidade. Atualmente, atua em pesquisas nas áreas da Inovação Tecnológica, Educação e Tecnologias Digitais, com ênfase em inclusão, sustentabilidade e na redução das desigualdades sociais. Também é pesquisadora colaboradora do grupo de pesquisa do TRE-CE na linha de Diversidade e Inclusão e pesquisadora da Cátedra Otávio Frias Filhos, no Instituto de Estudos Avançados da USP. Além disso, é professora visitante na UCDB, onde realiza um estágio pós-doutoral em tecnologias digitais na educação e integra o Grupo de Estudos e Pesquisa em Tecnologia Educacional e Educação a Distância (GETED).

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/7101198670169923

Sabrina de Paula Braga, Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG); Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP); Escola Judiciária Eleitoral de Minas Gerais (EJE-MG)

Mestra em Direito Político pela Universidade Federal de Minas Gerais. Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Atualmente é analista judiciário - área judiciária - Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Eleitoral. Membra da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político. Associada da Visibilidade Feminina. Conteudista da EJE-MG. Coordenadora do Eixo "Participação de Grupos Minorizados" da Capacitação Nacional EJE's. Membra da Comissão de Promoção de Igualdade Racial no âmbito da Justiça Eleitoral.

 

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9577301555003318

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Publicado

23.09.2025

Como Citar

Oliveira, I. S. de, Brito, L. da S., & Braga, S. de P. (2025). RACISMO E ALGORITMOS NAS ELEIÇÕES DE 2024: : O DESAFIO DOS CANDIDATOS PRETOS E PARDOS NAS REDES SOCIAIS. Suffragium - Revista Do Tribunal Regional Eleitoral Do Ceará, 14(24), 37–50. https://doi.org/10.53616/suffragium.v14i24.215

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